Na arena dessa mentalidade, confunde-se o discordar com julgamentos ácidos. Confunde-se a ideologia com a pessoa. Tudo fica sob suspeita. Tudo ganha duplo sentido. O reinado da confusão adora quando o herege está no banco dos réus. Preciso deixar bem claro: gosto dos hereges! Sempre fui apaixonado pela clandestinidade que desafia o status quo.
Vou andar na contramão porque não me escondo sob o manto perigoso do poder. Não quero bajulação. Não quero estar no mesmo espaço dos seres “angelicais” que assumem para si prerrogativas divinas para tudo. Sou humano. Parafraseando Nietzsche: “Demasiado humano”. Com todas as implicações e delícias. Humano com todas as maravilhosas contradições.
Vou andar na contramão porque não coloco a máscara da piedade. Assumo: sou falho, pecador, carente da graça, crítico em busca de mudanças, mirando esperançoso o horizonte utópico, sobrevivendo na terra encantada dos alienados.
Vou andar na contramão porque não falo a língua dos profetas, não tenho a grana dos apóstolos da prosperidade, muito menos a lábia dos vendedores de ilusão. Como canta o sumido: “sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro…”
Vou andar na contramão… feliz por continuar andando. Na via de mão única da igreja (antigamente chamavam isso de “porta larga” – Mt. 7.13) há espaço para muita esquisitice. Nesse “samba de uma nota só” que se canta hoje, todo mundo é santo. Não é por acaso que o exército dos des-via-dos cresce tanto. Tem muita gente buscando outra via.
Até mais…
Alan Brizotti